terça-feira, 27 de maio de 2008

Incidência atual de azia chega a ser quatro vezes maior do que a de 20 anos atrás



O número de pessoas com distúrbios gástricos deve continuar aumentando nos próximos anos. A afirmação é do vice-presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia e professor da Faculdade de Medicina da Unicamp (Universidade de Campinas), Antônio Frederico Magalhães, 64.
"O ritmo de vida adotado pelos profissionais atualmente é o principal causador do aumento. Hoje, ninguém almoça em casa nem descansa depois de comer. E ainda substituem refeições por lanches com fritura e gordura", diz.
Em São Paulo, segundo o Hospital das Clínicas da USP, o volume de cirurgias de estômago cresceu 30% em cinco anos. Má alimentação e excesso de trabalho estão entre os motivos.
De acordo com pesquisas realizadas pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, que ouviu amostras da população brasileira escolhidas por sorteio, 25% dos adultos do país têm dispepsia funcional (dor de estômago ou "gastrite nervosa"), e entre 7% e 10% convivem com sintomas de refluxo gastroesofágico (azia).
A azia, que já é monitorada há anos pelas instituições de saúde internacionais, tem demonstrado crescimento preocupante: no Brasil, o número de casos é quatro vezes superior ao registrado há 20 anos. O dado é considerado alarmante, pois, mais do que "queimação", a doença causa feridas no esôfago que são condições prévias para o surgimento de câncer, casos mais conhecidos como ESOFAGITE DE REFLUXO
"É preciso atentar para o que está acontecendo. Na Dinamarca, o total de pacientes com câncer de esôfago aumentou oito vezes nas últimas duas décadas. O Brasil parece estar indo no mesmo caminho", enfatiza Magalhães.
Entre as empresas da área de saúde, cuidar do aparelho digestivo dos funcionários está virando tendência na atuação dos departamentos de recursos humanos.
Na fabricante de remédios GlaxoSmithKline, uma campanha defende os horários de refeição e combate o lanche no lugar do almoço com cartazes do tipo "não faça lanchinho". "Não queremos que os funcionários precisem tomar nossos remédios", explica a gerente de RH Tatiana Melamed.
Na Sul América, o refeitório conta com cardápio diferenciado para quem sofre de gastrite ou de outros distúrbios alimentares.
Evitar o "almoço de negócios" é a dica da nutricionista Mara Baggio, que coordena um programa na Medrest. "Ninguém come bem e negocia ao mesmo tempo."

Intestino irritável
Além das dores de estômago, da gastrite e da azia, um novo diagnóstico passou a fazer parte do rol de doenças provocadas por somatização do estresse: a SII (Síndrome do Intestino Irritável).
Atacando o cólon, a síndrome desencadeia sintomas como constipação e diarréia, alterando (para mais ou para menos) a quantidade diária de evacuações e a consistência das fezes.
"É outro quadro diretamente relacionado ao estresse e às emoções. Nele, as evacuações passam a ser o único alívio do indivíduo", diz Ana Maria Rossi, da Isma-BR.
As pesquisas da Federação Brasileira de Gastroenterologia estimam que 20% da população adulta do país já sofra de SII. "Antigamente os médicos davam ao quadro o diagnóstico de "colite nervosa". Mas não é preciso ser mais ou menos nervoso do que a média para desenvolver a SII", diz o vice-presidente da entidade, Antônio Frederico Magalhães.
O DJ Mauro Borges, 41, sabe bem o que é a síndrome. "Meu intestino sempre se manifesta nas situações de tensão. Sob pressão, tenho diarréia. É incontrolável."
As crises podem se estender por dias. No mês passado, enquanto estava às voltas com o lançamento de um CD, Borges passou uma semana inteira com problemas intestinais. "Depois do lançamento, veio o alívio, e a crise passou."
Ele diz que não toma remédios por ter consciência de que o problema tem fundo emocional. "Procuro me isolar, perceber o que está acontecendo. Quando estou com medo de ir até um lugar, tento mentalizar que gostarei das pessoas e que elas gostarão de mim. Isso ajuda muito", ensina.


Um comentário:

Anônimo disse...

Não pretendo fazer apologia a Psicologia, mas acho importante que se esclareça que um quadro desse( "diarréria nervosa"), pode e deve ser avaliado por um especialista, legal ter consciência de como o processo se desencadeia, mas na minha opnião a Psicoterapia pode ajudar muito no enfrentamento desses sintomas.Procure um psicólogo(a), as vezes exsitem outros problemas de fundo, que podem interferir neste mecanismo de ansiedade, desencadeado em situações de estress e tensão !! Beijos e Boa semana a todos !!